quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Selo lança raridades da MPB prensando na Argentina


Discobertas é um nome com uma sacada bacana do produtor Marcelo Froes, relacionando o disco com suas pesquisas no mercado fonográfico. Ele tem grande experiência nesse segmento e depois de tentar encaixar seu projeto no circuito comercial, decidiu encarar o empreendedorismo de lançar seu próprio selo em 2002. A ideia foi amadurecendo e em 2007 o Discobertas conseguiu distribuição dos CDs pela Coqueiro Verde. Entre 2009 e 2013 eles trabalharam com a Microservice e agora estão na Novodisc, já lançando em vinis produzidos na Argentina.
O catálogo de vinil tem os discos Zá Ramalho – “Atlântida”, Alceu Valença – “Raridades Anos 70”, Alberto Rosenblit & Mario Adnet e a coletânea “Direitos Humanos no Banquete dos Mendigos Vol.1” (imagens acima). E entre os próximos lançamentos estão Jards Macalé, Maria Alcina, Cida Moreira, Claudette Soares, entre outros.

Já o catálogo em CD é maior e tem muito material raro, até então inédito de época e fora do circuito comercial. Froes faz pesquisas em acervos de selos e gravadoras falidas ou desativadas encontrando material esquecido que estava há anos encaixotado e que não tinha expectativa de ser lançando.
E alguns até acabam ganhando edições caprichadas em box (imagem abaixo).  O foco é em colecionadores e não para vender milhares de unidades. Um paralelo curioso com o que aconteceu com o mercado de historias em quadrinhos no Brasil, onde as editoras passaram a lançar edições especiais caprichadas em pequena quantidade.
Entre os artistas já lançados em CD estão Noel Rosa, Zimbo Trio, Ed Lincoln, Marcos Valle, Wanderleia, Moreira da Silva, Cauby Peixoto, Toquinho, Taiquara, Elza Soares, Beth Carvalho, Gilberto Gil, entre outros. O Projeto Zombilly entrevistou Marcelo Froes que comentou sobre o seu trabalho e o mercado fonográfico.

ENTREVISTA
ZOMBILLY - Como foi a iniciativa em lançar vinil também depois de trabalhar só com CD ?
MARCELO FROES
- Foi natural. A Novodisc vinha estudando entrar no negócio e desde o começo manifestei meu entusiasmo e apoio.

Você acompanha a demanda do mercado fonográfico do vinil no Brasil?
Acompanho sim e pretendo acompanhar mais.

Como funciona a negociação dos direitos pra você fazer a reedição de um disco que você pesquisou?
Exatamente, tudo muito burocrático e lento. Mas, sem fazer muita conta porque senão alguns produtos nunca nasceriam. Uns pagam os outros e a satisfação não tem preço.

Onde são feitos os discos da Discobertas e qual a media de tiragem?
São prensados em 180 gramas na Argentina, onde existem mais fábricas que no Brasil. Visitei as fábricas em fevereiro e optamos pela mais moderna, que dispõe das mesmas prensas alemãs Newbilt Machinery que o Jack White comprou pra sua fábrica.

Em suas pesquisas você encontrou referências sobre equipamentos, prensas das gravadoras? Você acha que é possível acontecer no Brasil o que acontece no exterior com prensas antigas sendo reativadas como a Vinil Brasil fez ou isso é difícil? 
As prensas brasileiras já eram velhas quando foram sucateadas há 25/30 anos. É muito árduo o trabalho de reanimar essas máquinas. Mas, fomos por outro caminho.

Qual o seu interesse em vinil? O que você tem em sua coleção, o que ouve pessoalmente e para o seu trabalho ? 
Eu tenho milhares de LPs. Amo compactos e compro até hoje. Acho que o vinil, o CD e o digital podiam conviver pacificamente no Brasil, da mesma forma que é lá fora. Aqui parece haver uma cruzada dos vinilmaníacos para exterminar o CD. O que é uma grande bobagem.

* O Projeto Zombilly tem os discos de vinil da Discobertas no acervo das feiras de discos que participamos. 

Texto: Andye Iore / Imagens: Arquivo pessoal

Um comentário:

  1. Grande novidade, vcs poderia passar o contato da fabrica de Vinyl argentina por favor.

    ResponderExcluir