Você curte música e começa a prestar atenção no falatório
sobre discos de vinil. Depois de ver seus amigos com status de “bacanas” porque
postam em suas páginas os discos que acabaram de comprar, então decide começar
a própria coleção. O que fazer?
O principal no começo é ter uma boa vitrola. Não se deixe
influenciar pelo design dos toca-discos novos vendidos em livrarias e lojas de
departamento. Hoje é muito fácil você achar uma vitrola antiga em eletrônicas (foto abaixo),
sebos, lojas de antiguidades e até mesmo com particulares na internet. Vale muito
mais fazer uma manutenção num aparelho antigo que comprar um novo. Não há comparação
na qualidade do áudio e, certamente, você gastará bem menos no futuro para
consertar supostos defeitos conforme vai usando.
Não se preocupe em ter aparelho sofisticado. A diferença
na qualidade é mínima. Curta a música pela música e não porque você tem um
aparelho melhor ou pior que seu amigo. Assim também vale para as diferentes
edições de um disco. Ser 140 ou 180 gramas, edição europeia ou brasileira,
também não faz muita diferença. Quem liga para isso deve ter alguma frustração
em sua coleção [risos]... gaste mais grana comprando mais discos e não em aparelhos sofisticados.
Depois de escolher seu aparelho, vem os primeiros discos.
Comece pelos artistas que você mais gosta. É bem comum no começo da coleção a pessoa
ser facilmente atraída pelas promoções e comprar discos baratos. Não caia
nessa. Um colecionador compra pela importância de um título, é determinado a
ter discos de sua banda favorita. E não a ter discos baratos que, geralmente, são
escutados nos primeiros dias e depois ficam encostados e esquecidos. Um disco
de uma banda que você curte será rodado sempre.
Uma opção para renovar a coleção também é trocar os
discos que você não escuta mais. Troque com um amigo ou vá nas feiras de discos
onde os expositores, geralmente, trocam no sistema 2x1, considerando o estado
de conservação e procura que tem seu disco.
E conforme vai aumentando seus discos, guarde sempre sua
coleção na vertical. Nunca deixe seus discos empilhados, um em cima do outro. Com
o passar do tempo e variação da temperatura no calor, os discos podem empenar.
PREÇO - Como saber se um disco é caro ou raro? Aí vale um
pouco de pesquisa, perguntar ao amigo que já coleciona ou ir em alguma feira de
discos. Por exemplo, por que os discos do Nirvana são sempre caros e outras bandas
que também são tão populares tem discos baratos?
Uma das justificativas é que os discos do Nirvana foram
lançados no Brasil entre o começo e metade da década de 1990, quando o mercado
fonográfico já fazia a transição do “vinil para o CD”. E os vinis vendiam pouco
com o público se interessando mais pelo CD. Por isso a tiragem dos discos de
vinil era pequena. E hoje há poucas copias disponíveis no mercado, fazendo com
que sempre tenham preços acima da media.
Outro exemplo pode ser dado nos discos do Legião Urbana. Os
cinco primeiros são facilmente encontrados e sempre baratos porque tiveram
grandes tiragens na época. Já a partir do “O Descobrimento do Brasil” lançado
em 1993 fica mais difícil e mais caro.
ARTE – Outro aspecto bem bacana de se colecionar discos
de vinil está na arte das capas. O CD decepcionou muito os colecionadores porque
o formato pequeno tirava o charme das capas. E muitos discos não tinham a arte
e formato original dos vinis. As gravadoras e artistas sempre lançavam capas
com formatos diferentes no vinil.
Como a do “Physical Graffiti” (1975), do Led Zeppelin, com as
janelas recortadas na capa. A do “Sticky fingers” (1971), do Rolling Stones, que vinha
com um zíper de verdade na capa. Ou a polêmica “Diamond dogs” (1974), de David
Bowie, numa capa gatefold (dupla) que na dobra principal tem o cantor deitado e
ao abrir a capa aparece na segunda dobra o corpo de Bowie sendo o de um cachorro
da cintura para baixo. Uma das mais citadas em melhor design é a do “Velvet Undeground
& Nico” (1967"), feita por Andy Wharol, com um adesivo de uma banana. Ao se puxar o
adesivo, aparecia na parte debaixo a banana, como se estivesse descascando a
fruta.
Texto e fotos: Andye Iore